QUE DIFICIL É SER UM DEUS

Hantológico | Ciclo de leituras encenadas 

 

O pensador francês Jacques Derrida inventou o termo ‘Hantologie’ (em Espectros de Marx) para descrever a manifestação ontológica de vestígios ideológicos e culturais do passado que ressurge para assombrar o presente, perturbando assim a passagem linear do tempo. A 1ª edição do nosso ciclo de leituras encenadas Hantológico pergunta quem serão os fantasmas da dramaturgia do futuro, com as autoras Lígia Soares, Mickael de Oliveira, Patrícia Portela e Sónia Baptista. Hantológico é um ciclo composto por textos publicados ou encenados na última década, assinados por autores que marcam a cena contemporânea portuguesa. A seleção de textos dialoga com um corpus de autores cúmplices do Festival Encontros de Novas Dramaturgias, que promove as práticas da escrita e dramaturgia para teatro, desde a sua primeira edição no São Luiz Teatro Municipal em 2011 e através das seguintes no Teatro Académico de Gil Vicente e noutros teatros parceiros. A primeira leitura do ciclo decorre em Aveiro com o apoio do Círculo Experimental de Teatro de Aveiro.

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Cinderela de Lígia Soares​

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Um homem e uma mulher entram em cena e aproximam-se um do outro dispondo-se com cuidado e técnica numa pose romântica que se estende a toda a duração do espetáculo. Com o intuito de criar uma metáfora em torno dos contos de fadas que povoam o imaginário de todos nós, Lígia Soares apresenta Cinderela. Uma peça de teatro que se assume como um diálogo sobre o amor romântico que, na resistência à mudança de posição, revela uma analogia à imobilidade social. Uma actriz e um actor representam em palco uma Cinderela e um príncipe dos tempos modernos, um casal atingido por um conflito latente, decorrente das assimetrias dos seus estratos sociais.

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Lígia Soares 

Coreógrafa e dramaturga portuguesa residente em Lisboa. Estudou dança, mas desde 1999 o seu trabalho transita entre as disciplinas da dança, teatro e performance. O seu trabalho tem sido apresentado nacional e internacionalmente (Portugal, Brasil, Alemanha, França, Noruega, Holanda, Bélgica, Sérvia, Croácia, entre outros). Entre 2001 e 2014 foi diretora artística de Máquina Agradável. Desenvolveu também vários contextos de programação com outros artistas como o Demimonde, ou o Face-a-Face. Na sequência de trabalhos como Romance (2015), O Ato da Primavera (2017), Turning Backs (2016), Jogo de Lençóis (2019) prossegue uma pesquisa em dispositivos cénicos inclusivos da presença do espectador como elemento constituinte da dramaturgia do espetáculo, incorporando ou substituindo o próprio papel de performer. É mentora em diversos programas de escrita para cena e colabora regularmente como dramaturga em projetos de dança e teatro. As peças “Romance”, Cinderela, Civilização, Memorial e A Minha Vitória Como Ginasta de Alta Competição estão editadas pela Douda Correria. Recebeu a bolsa de criação artística e literária da DGLAB em 2020.

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Ficha artística

[primeira leitura do ciclo]

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Texto e autoria | Cinderela* de Lígia Soares

Direção artística | Mickaël de Oliveira

Interpretação | Crista Alfaiate e Luís Araújo

Produção | Héloïse Rego e Gabriela Cavaz

Apoio à apresentação | Círculo Experimental de Teatro de Aveiro

Apoio | Direção-Geral das Artes (Ministério da Cultura)

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M/12

Duração c. 60 min.

Lotação disponível limitada

Entrada livre

Rua das Tomásias 14-16, Aveiro (CETA)

 

*O espectáculo Cinderela foi criado pela autora e apresentado em 2019 no Festival END e no Teatro Aveirense com Crista Alfaiate e Cláudio da Silva (produção Máquina Agradável).